DIABETES TIPO 2 - Ocorre por
diminuição na produção de insulina, mas
principalmente por um mal funcionamento
desta. Existe insulina, mas as células
apresentam problemas em usá-la para
captar a glicose. O diabetes tipo 2
ocorre em adultos, geralmente obesos e com história familiar positiva. O tratamento
é feito com remédios que aumentam a afinidade das células
pela insulina. Corresponde por mais de 80% dos casos de
diabetes mellitus
Com o tempo o paciente com diabetes 2 também apresenta lesão
das suas células beta do pâncreas, passando a precisar
também de insulina. Portanto, não se distingue o diabetes 1
do diabetes 2 apenas pela necessidade ou não de reposição de
insulina.
Existem, na verdade, outros tipos de diabetes, como o
diabetes gestacional e diabetes pela pancreatite crônica
(leia:
PANCREATITE CRÔNICA E PANCREATITE AGUDA), mas
que serão abordados em texto próprio.
Diagnóstico do diabetes mellitus
O diagnóstico do diabetes é normalmente realizado após 2
medições (em dias diferentes) da glicose sanguínea
(glicemia) em jejum de 8 a 12 horas. Valores maiores ou
iguais a 126 mg/ml, confirmados em 2 exames, indicam
diabetes.
O valor normal é menor que 100 mg/dl. Pessoas com glicemia
entre 100 e 125, apresentam sinais de resistência a
insulina. Esta fase é o chamada de pré-diabetes. É o momento
de fazer dieta, emagrecer e começar a praticar exercícios,
para evitar a progressão da doença.
O exame de sangue deve ser feito preferencialmente em jejum,
mas se o paciente apresenta sintomas de diabetes (descritos
mais abaixo), um valor de glicose acima de 200mg/dl, mesmo
que realizado sem jejum, também é indicativo de diabetes
mellitus.
O exame correto para o diagnóstico é a analise de sangue. As
fitinhas para avaliação de glicemia capilar são usadas para
controle de diabéticos já em tratamento e não servem para
estabelecer o diagnóstico. Obviamente, valores elevados nas
fitinhas sugerem o diagnóstico, mas devem sempre ser
confirmadas com análises de sangue.
Para saber mais sobre o diagnóstico do diabetes mellitus e o
controle da glicemia, leia:
GLICEMIA | HEMOGLOBINA
GLICOSILADA | Diagnóstico do diabetes
Fatores de risco para diabetes mellitus
Sintomas do diabetes
O diabetes mellitus nas fases iniciais pode ser
assintomático. Os seus sintomas são normalmente relacionados
ao excesso de açúcar no sangue:
- Sede: A hiperglicemia aumenta a osmolaridade do
sangue e desencadeia o mecanismo de sede. O diabético,
principalmente quando a glicemia está muito alta, bebe muita
água e tem muita sede.
- Urina em excesso: Normalmente o rim não elimina
glicose na urina, mas em situações de hiperglicemia, ele faz
seu papel de órgão regulador do organismo: excreta o que
está em excesso. Como não se pode urinar açúcar, para
eliminar a glicose é preciso diluí-la em água, com isso, o
volume de urina aumenta. O excesso de água perdido na urina
causa desidratação e contribui ainda mais para a sede. Leia
mais em
URINA EM EXCESSO. O QUE PODE SIGNIFICAR?
- Fome: Como as células não conseguem captar glicose,
o corpo interpreta isso como um estado de falta de alimento
e gera fome. O diabético bebe muita água e não mata sede.
Come e não mata a fome.
- Emagrecimento: O diabetes é uma das causas de
emagrecimento sem perda de apetite.
- Visão borrada: Níveis elevados de glicose também
causam alterações na acuidade visual, que às vezes podem ser
confundidos com miopia pelos pacientes.
Cetoacidose diabética
A cetoacidose diabética é uma complicação do diabetes tipo
1, devido a ausência de insulina. Como as células não
recebem glicose, ela precisam arranjar outra fonte para
gerar energia e não morrer. A solução é queimar gordura. O
problema é que além de não gerar tanta energia como a
glicose, a metabolização das gorduras gera uma quantidade
imensa de ácidos (chamados de cetoácidos) levando a
cetoacidose. O pH do sangue cai muito e pode chegar a níveis
incompatíveis com a vida se não for tratado rapidamente.
Ocorre normalmente com glicemias maiores que 500 mg/dl
Estado hiperosmolar
O estado hiperosmolar é a complicação do diabetes 2 análoga
a cetoacidose do diabetes 1. Como o problema não é a
ausência da insulina, não ocorre a produção de cetoácidos,
porém, a glicemia pode ultrapassar 1000 mg/dl. Tanta glicose
deixa o sangue espesso e com uma osmolaridade elevadíssima
podendo levar ao coma hiperosmolar.
Tanto a cetoacidose quanto o estado hiperosmolar têm quadro
clínico semelhante. O doente apresenta desidratação grave,
alterações do nível de consciência, respiração rápida e dor
abdominal (estes dois últimos são mais comuns na cetoacidose).
Ambas são consideradas urgências médicas.
São normalmente desencadeados por má aderência ao
tratamento, com descontrole da glicemia, mas também por
infecções, uso de drogas, infartos, AVC e outros fatores de
estresse.
Complicações do diabetes mellitus
O excesso de glicose sanguínea e as alterações metabólicas
levam a um estado de inflamação crônica que propicia o
aparecimento de todas as complicações à longo prazo do
diabetes:
O pé diabético é uma complicação comum do diabetes
mal tratado. A diminuição do aporte de sangue e a lesão
dos nervos (neuropatia diabética) dos membros
inferiores, diminuem a sensibilidade do pé e das pernas
fazendo que o paciente lesione esta região sem sentir
dor. A dor é um dos nossos principais mecanismos de
defesa e nos indica que algo de errado está acontecendo.
Os doentes com neuropatia diabética não notam quando há
algo ferindo seus pés, por isso, não tomam as devidas
providências para proteger a pele.
É comum a formação de úlceras e em casos avançados pode
ser necessário amputação do membro devido a necrose.
O diabetes também é a principal causa de insuficiência renal
no mundo. Pode não só levar o doente à diálise como também
causar síndrome nefrótica pelo excesso de perda de proteínas
na urina. (leia:
PROTEINÚRIA, URINA ESPUMOSA E SÍNDROME NEFRÓTICA). O
controle da proteinúria é um dos principais meios de evitar
progressão da doença renal.
Uma imagem triste, mas comum, é a do paciente cego, com uma
perna amputada, ligado à uma máquina de hemodiálise e que,
depois de alguns anos, morre de infarto fulminante. Típico
epílogo do diabético mal tratado. |